segunda-feira, 22 de março de 2010

A cor da arte

Além do oceano,
além da real Lisboa,
da força de mil ancestrais
aquelas mãos.

Mãos que tocam o corpo do Mestre
e sabem esculpir
os olhos do tempo,
ara sagrada e antro de dor,
céu e terra.

Daquelas mãos, no corpo do Mestre,
todos os mantos de Maria,
segredos de José,
passos em falso,
sorte lançada,
correntes,
rios e desvios,
mundos e desmundos,
gestos que afagam,
gestos que ferem.

Nas veias do Mestre,
a sede das verdades,
bordados em pedra sabão,
todos os desejos do ouro.

No Corpo,
os traços dos filhos do Mestre,
a humanidade possível.

Na pedra, na madeira, na alma de Minas,
as mãos do artista, palmas barrocas.

As mãos de Antônio Francisco consagram,
à imagem e semelhança do Mestre,
a vida que açoite nenhum abate!


Alzira Umbelino

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