terça-feira, 23 de março de 2010

Robergon


Cronologia

Roberto Gomes (Robergom), Sabará

Eis-me nas pedras dos becos e vielas.
Socado nas ruas, pingente nas ladeiras,
Misturado no adobe dos casarios senhoriais.

Eis-me no escuro, no canto, no resto.
Jogado à sorte dos dias sem cor
somado à massa dos anjos e zumbis.

Eis-me nas entranhas do Itaberaçu
dobrado à cata do vil e maldito
prostrado à ordem da ambição e vaidade.

Eis-me no estalo do chicote doente.
Agarrado num tronco, carapinha ao sol.
Plasmado no estertor da liberdade.

Eis-me leve, solto, cicatrizado.
Encantado numa hipócrita piedade.
Endeusado num falso arrependimento.



Gênesis

Roberto Gomes (Robergom), Sabará

No princípio era o nada.
E o nada se fez.
Surgiu uma névoa
que evoluindo-se
transformou-se numa massa
quase circular.

Então, a primeira onda.
E as coisas começaram a acontecer;
Terra e Água/Água e Terra.

A terra e sua exuberância:
Suas montanhas.
Suas riquezas.
Suas florestas
Sua fertilidade.
Sua fauna e flora.
Seus segredos e mistérios.
Terra, um montão de terra.
E a vida na terra:
Maravilhosa, alegre, brincalhona, imprevisível,
curiosa, divertida, inocente, feliz.

A água e seu espetáculo.
Azul, cristalina, esverdeada.
Cachoeiras e cascatas.
Quedas d’água com Arco-íris.
Riachos, ribeiros, córregos,
Rios, oceanos e mares.
Água do Céu.
Água da chuva.
Água.
Um montão de água.
E a vida na Água;
Maravilhosa, alegre, brincalhona, imprevisível, curiosa, divertida, inocente, feliz.

Então, a segunda onda.
Nasce o homem...
Antes maravilhado e passivo.
Agora, dono absoluto.

E a vida na Terra.
E a vida na Água:
Não mais maravilhosa, alegre, brincalhona; não mais imprevisível,
Curiosa, inocente; não mais divertida, não mais feliz.

A vida na terra e na Água
AGONIZA...



Sabará

Em tuas ruas caminha o encanto.
Nas pedras os passos da história.
E nos casarios, súbita memória
a se mostrar em cada beco, em cada canto.

E a fé a subir e a descer ladeiras.
Cânticos, ladainhas, exaltação.
O perfume dos ramos da louvação.
Os “ais” e suspiros das rezadeiras.

Sabará, dos heróis anônimos, valentes,
dos artistas, dos poetas, dos escritores,
do ora-pro-nóbis, da jabuticaba, das Praças.

Sabará, de um povo forte e consciente,
defensor fiel dos reais valores.
Celeiro maior de uma grande raça.

                    Robergom

 

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