MARCELA
Marcela, Marcela....
Vi quando ela desceu
a rua Pedro II
que, no momento,
me pareceu
o paraíso do mundo,
tal era o encantamento
da menina.
Flor do universo!
Linda, como o mais lindo verso
de Cora Coralina
Eu a cumprimentei
mas sinceramente nem sei
se ela respondeu ou não.
Perdi o sentido
perdi a audição
e de tão perdido
era só coração.
Marcela, Marcela....
Vi quando ela desceu
a rua Pedro II
que, no momento,
me pareceu
o paraíso do mundo,
tal era o encantamento
da menina.
Flor do universo!
Linda, como o mais lindo verso
de Cora Coralina
Eu a cumprimentei
mas sinceramente nem sei
se ela respondeu ou não.
Perdi o sentido
perdi a audição
e de tão perdido
era só coração.
O LOBISOMEM DE SABARÁ
Dizem que foi
Dizem que foi
no caminho de Boi
que morou João.
Um homem normal
que não fazia mal
a nenhum cidadão
Embora pacato
Embora pacato
de nenhum desacato
o João parecia
que andava cismado
que andava cismado
com algo de errado
que lhe acontecia
Se alguém perguntava,
Se alguém perguntava,
João só resmungava:
_ Num é nada não!
Mas se aborrecia
Mas se aborrecia
e logo logo fugia
pro seu barracão
Mas como é sabido
Mas como é sabido
nada fica escondido
entre o céu e o chão
E a uma donzela
E a uma donzela
o destino revela
o segredo de João.
Numa sexta-feira,
Numa sexta-feira,
a lua inteira
passeava no céu
e subia a donzela
e subia a donzela
Por estreita ruela
quando o fato se deu.
Numa curva da rua,
Numa curva da rua,
na claridade da lua
ela encontrou com João
Ele babava e rugia
Ele babava e rugia
enquanto pelos cobriam
seu rosto, braços e mãos
A donzela bem que queria,
A donzela bem que queria,
porém, não conseguia
sair daquele lugar
E sem querer via o homem
E sem querer via o homem
aos poucos virar lobisomem
em cenas de arrepiar
Ali do meio da rua
Ali do meio da rua
o bicho uivava pra lua
maldizendo a sua sina
Depois se emudeceu
Depois se emudeceu
e logo desapareceu
sem molestar a menina
No outro dia bem cedo
No outro dia bem cedo
já todos sabiam o segredo
que aborrecia o João
Mas seu corpo fora encontrado
Mas seu corpo fora encontrado
com dois tiros alvejados
em cima do seu coração.
Não adianta o assédio.
Cachaça? Eu?
Só se fô pra remédio!
Ninguém qué sofrê,
evidentemente.
Daí, não custa beber umazinha
pra desanimar a dor de dente.
Mais tem dor que vai doendo, doendo...
e o jeito é ir bebendo, bebendo...
Veja a dor da solidão!
Tem gente que acha graça,
mas eu digo sem temô:
remédio mió que cachaça
num existe não senhor.
E a dosagem é o de menos.
o sinhô bebe mais ou menos
conforme o tamanho da dor.
E papo de muié ciumenta?
Se num beber uma ou duas
Num tem Cristão que aguenta.
E quando a gente "tá na fossa"?
nem adianta num querê.
A garganta da gente coça
.E nem carece de sê
pinga boa, da roça...
o negócio é bebê
ou aquela dor nos destroça.
Tenho um amigo que aposta
que foi a pura cachaça
que curou a sua prósta.
E foi só a turma escutar
- veja que povo criativo -
trataro logo de iniciar
um tratamento preventivo.
E eu pergunto a a quem quisé respondê::
Não lhe parece educativo
este modo de beber?
Conheço também uma senhora
que só bebe em casa
à hora do jantar,
geralmente à zero hora,
quando chega de algum bar.
E assim cada um escoe
a meió forma de se tratá.
Tem gente qua a mistura
junto com otros elemento.
Otros a prefere pura
pra acelerar o tratamento.
E se for cachaça de Sabará,
num tem contra indicação.
Adoeceu, bebeu, tá são.
OBRIGADO SENHOR, OBRIGADO SENHOR...
Acordei!
Uma sabiá me chamava
do caminha para a cachoeira.
Levantei-me!
Pairava no ar um cheiro suave
de jacarandá, peroba, aroeira.
jatobá, quaresmeira, limhático...
dezenas de aves de diferente canto
davam um toque de encanto
àquele momento fantástico.
Abri a porta, saí!
de uma galha torta
fui anunciado:
_Bem-te-vi, bem-te-vi!
A sabiá, avisada,
voltou a insistir.
_ Por aqui, senhor, por aqui, senhor!
Não resisti.
Por entre flores
de todas as cores
segui!
Adentrei pela mata
e pouco distante dali
avistei uma cascata.
Descrevê-la é impossível.
Sua beleza era indescritível.
Um casal de esquilos
namoravam ao som
de cigarras e grilos.
raios de sol
infiltravam por entre os galhos
e, num instante
iam transformando cascalho em diamante.
Percebi que quando homem e natureza
interagem
ambos se fundem numa única paisagem
que em todo o seu esplendor,
aproxima criatura e criador
pela linguagem silenciosa do amor.
Quando a sabiá voltou a cantar
_ Obrigado senhor, obrigado senhor...
resolvi retornar.
Uma sensação de calma invadira-me a alma.
decididamente,
eu era uma outra pessoa
diferente.
Que bom que não foi um sonho,
uma fantasia vã...
Mas um simples despertar
a cada manhã
em Sabará.
Acordei!
Uma sabiá me chamava
do caminha para a cachoeira.
Levantei-me!
Pairava no ar um cheiro suave
de jacarandá, peroba, aroeira.
jatobá, quaresmeira, limhático...
dezenas de aves de diferente canto
davam um toque de encanto
àquele momento fantástico.
Abri a porta, saí!
de uma galha torta
fui anunciado:
_Bem-te-vi, bem-te-vi!
A sabiá, avisada,
voltou a insistir.
_ Por aqui, senhor, por aqui, senhor!
Não resisti.
Por entre flores
de todas as cores
segui!
Adentrei pela mata
e pouco distante dali
avistei uma cascata.
Descrevê-la é impossível.
Sua beleza era indescritível.
Um casal de esquilos
namoravam ao som
de cigarras e grilos.
raios de sol
infiltravam por entre os galhos
e, num instante
iam transformando cascalho em diamante.
Percebi que quando homem e natureza
interagem
ambos se fundem numa única paisagem
que em todo o seu esplendor,
aproxima criatura e criador
pela linguagem silenciosa do amor.
Quando a sabiá voltou a cantar
_ Obrigado senhor, obrigado senhor...
resolvi retornar.
Uma sensação de calma invadira-me a alma.
decididamente,
eu era uma outra pessoa
diferente.
Que bom que não foi um sonho,
uma fantasia vã...
Mas um simples despertar
a cada manhã
em Sabará.
Se você trepar,
chupar,
sentir prazer...
Pode crer:
A vida inteira,
jamais vai se esquecer
da jabuticabeira.
Silas da Fonseca
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